Por Ana Miranda, voluntária do Cão Terapeuta
Desde pequena, sempre ouvia minha mãe contar sobre suas experiências fazendo trabalho voluntário. Cresci com essa vontade dentro de mim, mas nunca levei para frente. Até que conheci, na época, o Cão Terapeuta. Tinha adotado o Joca havia pouco tempo, mas ele ainda não tinha a idade mínima para o processo de seleção.
Passado alguns anos, a ideia voltou mais viva à minha memória. Na época mais estressante da minha vida, arrisquei levar o Joca para o processo seletivo e… Passamos! Como eu só podia trabalhar aos sábados, fomos encaminhados para fazer parte da turma que visitava a Fraternidade Irmã Clara. E, desde 2012, estamos lá. Com praticamente a mesma equipe do começo.
Desde então, a história mais marcante aconteceu meio que recentemente. Joca e eu fomos ficar com a assistida Tatiana. Ela era recém-chegada e não respondia muito aos estímulos e nem à presença do Joca. Já tínhamos ficado com ela outras vezes. Não achava que aquele dia ia ser diferente. Conversa vai, conversa vem. O Joca sentou na minha frente. Abracei ele e dei um tapinha carinhoso no peito dele. Fez um leve barulho de bumbo. Foi o suficiente pra chamar a atenção da Tati. Quando percebi que ela sorriu, comecei a “batucar” mais no Joca (que se comportou como o lord que é). Ela começou a gargalhar. Foi daquelas gargalhadas que nos falta o ar, sabe? Que delícia de momento! Trabalhar com alguém que tenha paralisia cerebral não é fácil e confesso: algumas vezes, frustrante, pois não vemos o resultado na hora. Porém, esse dia fez todos os outros dias, de todos os outros anos anteriores, valer a pena.
Queria apenas um olhar. Ganhei uma gargalhada!