Por Katia De Martino, Médica Veterinária do Instituto Cão Terapeuta
Fui chamada para verificar um caso de xixi fora do local.
Era uma Labradora de 3 meses que fazia xixi pela casa toda.
Algumas vezes acertava, porém errava muito mais do que acertava.
Normalmente, labradores adoram água e bebem muita água também. Mas, o que me impressionava era, além de beber muita água, o volume de urina era muito grande em um intervalo muito pequeno de tempo.
Depois de alguns dias acompanhando essa filhote e vendo que o treino não estava avançando, comecei a pensar comigo mesma:
“Gente, parece que essa cachorra toma cerveja todo o dia! Ela não para de fazer xixi!”.
Daí, deu um plim na minha cabeça!
A cerveja inibe o hormônio antidiurético… Igual a diabetes insipidus!
No entanto, precisava descartar algumas doenças mais comuns, como diabetes mellitus e insuficiência renal.
Solicitei alguns exames como glicemia, urina I, hemograma, uréia e creatinina.
Todos os exames deram normais, porém a densidade urinária estava baixa.
O valor da densidade urinária, a queixa e o exame físico levantaram, de fato, a minha suspeita.
A execução do teste de privação hídrica foi proposta e confirmada.
Diabetes insipidus é uma doença RARA em cães, que causa poliúria (aumento na produção de urina) e polidipsia (aumento no consumo de água), e que leva a uma alteração no mecanismo de excreção e retenção da água, e baixa densidade urinária. Essa doença está incluída em um grupo de doenças hereditárias ou adquiridas que podem ser causadas pela secreção ou síntese deficiente do hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina, responsável pela manutenção do equilíbrio hídrico, designadamente pela antidiurese).
O teste de privação hídrica, quando cuidadosamente monitorado, confirma a incapacidade de o animal concentrar sua urina mesmo ficando desidratado.
A filhote foi submetida, então, ao tratamento com acetato de desmopressina.