Por @cei.ha – Centro de Estudos da Interação Homem-Animal, parceiro do Instituto Cão Terapeuta
O envelhecimento de um animal de estimação tem início, muitas vezes, sem percebermos que está acontecendo. Uma dor, um cansaço diferente, a necessidade de dormir mais e algumas mudanças de comportamento sutis nos sinalizam a passagem para a fase da vida que não desejamos ver em nossos pets.
E, por mais que saibamos que ela chegará, frequentemente a negamos, pedindo que eles desempenhem o mesmo comportamento da juventude.
Essa vivência pode ser acompanhada de angústia e medo da chegada do fim da vida e do rompimento de um vínculo afetivo estreito que podemos comparar à relação de mães/pais com os filhos humanos.
À medida em que o tempo passa, os sinais do envelhecimento acentuam-se. E a nossa dor também aumenta! Sabemos que o fim está próximo e não paramos de pensar em como será a nossa vida sem o nosso companheiro de anos. Torcemos para que esse fim demore a chegar. Mas que ele chegue sozinho, sem que precisemos decidir se vale a pena ou não dar continuidade a uma vida que não voltará a correr, brincar, “sorrir”.
Muitos sentimentos nos atropelam, entre eles, a tristeza e a culpa de não podermos reverter esse processo, de não termos aproveitado mais a vida com o nosso “filho”. E como lidar com esse momento tão difícil? Como conviver com a ausência, com o vazio que fica, por mais que saibamos que aquele ciclo de vida se cumpriu?
Poder vivenciar o envelhecimento e luto de um animal de estimação permite legitimar os nossos sentimentos e acreditar que eles são reais, eles existem a despeito do descrédito da sociedade em relação ao vínculo homem-animal.
Por isso, fica um alerta para os veterinários e comportamentalistas que acompanham seus pacientes e clientes: se perceberem um grande sofrimento da família nesse processo, não hesitem em encaminhar para atendimento psicológico. A psicoterapia é um trabalho que permite viver e ressignificar essas dores, um espaço sem julgamento e acolhedor a quem precisa lidar com esse momento e se sente desamparado.