Coterapeutas virtuais: as vantagens de ter que se reinventar

Por Vera Abruzzini, voluntária do Instituto Cão Terapeuta

Com a pandemia, nosso trabalho voluntário no Instituto Cão Terapeuta teve de ser reinventado.

Nossa maior característica é levar nossos cães coterapeutas aos lares de longa permanência, hospitais e locais onde temos assistidos em alto estado de vulnerabilidade.

Nossas visitas, semanais ou mensais, eram regadas de alegrias, abraços e, principalmente, troca de amor de nossos animais com essas pessoas tão queridas.

No hospital Beneficência Portuguesa, onde sou voluntária sem cão, a alegria da conversa com aquele paciente acamado, que lembra do seu cãozinho em casa, ou até mesmo daquela criança com dor, que recebe a alegria de um rabinho abanando no seu quarto.

Imagens que ficaram na nossa cabeça e que, de repente, tiveram que parar. Por segurança nossa e deles.

Sou voluntária de Intervenções Assistidas por Animais desde 2012, fui presidente do Inataa de 2015 à 2017, e nosso grande desafio era o de explicar como funcionava esse “negócio” de entrar no hospital com um cão.

E aí vinha a grande premissa: a presença física do cão potencializava nos assistidos os efeitos dos hormônios do bem. Falamos de serotonina, endorfina, oxitocina.

Mas, e agora?

As visitas estavam proibidas. Como aumentar o vínculo afetivo? Como reduzir a tristeza da internação? Como disseminar a empatia de um cão num corredor de hospital, alegrando médicos, enfermeiros e pacientes?

Tínhamos que nos reinventar.

As palavras mais usadas eram: conectividade, digital, transformação, sustentabilidade, resultado.

E aí as visitas se tornaram digitais. Por meio de ferramentas disponibilizadas até em smartphones, o desafio era outro.

Os cães coterapeutas virtuais foram aceitos – trabalham bem, e essa oportunidade, aqui particularmente, foi dada a minha querida Lorena, SRD, que não passaria num teste presencial, mas, na frente de uma câmera, torna-se uma verdadeira terapeuta. Virtual, mas terapeuta.